E SE eu passasse a newsletter pras segundas-feiras em vez de sexta? Pra desgraçar ainda mais a tua segunda. Pra ser mais um prenúncio de que vem aí mais uma semana inteira pela frente. Concordas? O que achas?
Venho cogitando isso porque tenho visto a quantidade de newsletters que saem às sextas. Não que todo mundo leia precisamente nas sextas, mas o trânsito pode ficar um pouco abarrotado ali no meio.
Enfim, vamovê
Na primeira cena de Police Story, tem um policial colega do Jackie Chan que tá nervosíssimo. Ele se treme todo, quase atira em um outro colega, mata um bandido quase que na cagada, e termina por se mijar de medo e terror. A cara dele chega a ser sobreposta sobre a foto de uma criança em um close.
O que se segue imediatamente é o Jackie Chan fazendo exatamente o oposto disso, pelo filme inteiro. Como se esse contraste inicial fosse o estopim pras ações do personagem do Chan e pra tudo que acontece logo em seguida. E o que acontece em seguida é uma cena em que um punhado de carros destrói completamente uma favelinha cenográfica descendo o morro, numa sucessão quase inacreditável de explosões e gritos e dublês quase sendo esmagados por carros. É lindo.
E logo depois o Jackie Chan corre atrás de um ônibus e se pendura nele com um guarda-chuva. E no final ele desce três andares de um shopping pendurado em luzinhas de natal ou algo que o valha.
Esse filme é provavelmente o maior veículo possível pro Jackie Chan, não tem como. Não é por acaso que ele também dirige. Tudo tem a cara dele. As cenas de ação e as cenas de comédia, que também não são poucas. Sempre filmando com uma lente muito aberta, pra mostrar o contexto todo, e como todo mundo é capaz de fazer essas doideiras todas.
É curioso como o filme acaba tentando fazer um panorama do que é pra ser a vida de um policial, existe uma certa tentativa de buscar uma moralidade nos processos do trabalho policial - mas isso acaba servindo mais pra dar sustento às cenas de humor do Chan, na maioria das vezes. Mas também descamba em drama, mais pro final. O filme é, quem diria, uma police story
Galera costuma falar que “ah porque o Jackie Chan era maluco de fazer aquilo tudo” e sim, era, mas não era o único. Olha tudo pelo qual passam os dublês nesse filme, as quedas todas que vários atores e atrizes sofrem, é tudo muito doido - mas já falamos disso aqui na newsletter previamente. Em algum momento. Procure na sua coleção.
Atualização sobre The Melancholy of Haruhi Suzumiya, que eu falei edição passada:
Eu QUASE nem sequer cheguei ao Endless Eight. Mas praticamente maratonei os oito episódios, vi o seguinte e tô quase dropando de vez o anime. É tudo muito fraquinho e sem graça, toda a criatividade visual que tinha no começo ficou por lá mesmo. De resto parece que é só exposição exagerada e histórias sem imaginação.
Sobre o Endless Eight especificamente: eu só gostaria que o anime como um todo fosse melhor. O experimento é totalmente válido e como ideia é sensacional, continuo achando isso. Mas a execução é só meh. Assim, é legal ver como eles brincam dentro de seus próprios limites, e isso por si só já parece uma experimentação interessante: não tem nenhuma grande doideira visual, tudo ainda parece muito coeso dentro da proposta estética. Muda-se umas roupinhas, troca-se um efeito da fotografia, mexe-se num diálogo ou outro… tudo é mais ou menos o mesmo mas sem mudar propriamente.
O problema maior é o que tá em volta desses oito episódios. Se eu terminar, eu aviso.
um álbum do ano passado que me passou batido foi o da Gilla Band, noise-punk com um pezinho no eletrônico pra quem tá afim de um pouco de sujeira no seu dia para além da sujeira moral diária do capitalismo
do outro lado do mundo, mais especificamente no Japão, tem um álbum novo do produtor Bodikhuu (os trocadilhos ficam aí pra vocês), hip-hop instrumental bem lo-fi beats e tal, divertido
Assisti ao show da Rosalía no Lolla do único jeito possível: harmonizando com a Coca-Cola Sem Açúcares Sabor Rosalía.
Adivinhem só se o problema não é a falta de açúcar. Mas claro. Tem um sabor de chiclete Big Big Tutti Frutti e um cheiro que me lembrou borracha escolar. Não combina em nada com o show ou com a imagem que eu tenho da cantora. Sem dúvida faltou uma certa PIMENTA, uma acidezinha mínima qualquer ali em algum lugar. Não senti nada do sangue da Rosalía ali e isso com certeza é um defeito. Apesar de ser sem açúcar é enjoento de doce como Pepsi. Por sorte a lata é pequena, então acaba rápido. Nota 3/10.
O que acaba rápido (infelizmente, no caso) também é o show dela - imagino que por ser de festival, então o tempo é contadinho. Senti falta de um ou outro single solto de uns anos atrás, como “A Palé” e “Juro Que”.
Mas o que pega forte é a direção do show: ele é muito pensado pro telão, pra câmera, pra transmissão televisionada - de certa forma pra quem tá longe do palco. Cheio de closes, ela pode interagir mais naturalmente com a plateia, que por sua vez pode ver o rosto dela de perto e etc. Então tem trechos filmados com celular na vertical, tem coreografias que funcionam muito com uma câmera de cima do palco - e o próprio palco e a iluminação se transformam. É tudo muito simples mas o impacto é certeiro.