Não Sei Desenhar #64 - 16/12/22
existe algo tipo autorismo vulgar só que na crítica literária?
As 103 melhores capas de livro de 2022 segundo o LitHub.
São essas capas que eu não vou conseguir ver na minha mais nova aquisição: um Kindle. Primeiro porque nem a pau que eu vou conseguir ler todos esses livros, segundo porque a grande maioria deles são coloridos e o meu Kindle tem 2 cores. O aparelho todo tem uma certa vibe BRICK GAME, com essa carcaça simples de plástico, essa tela monocromática e a velocidade de processamento de uma batata.
Mas é bem prática mesmo essa merda né? O peso, a proporção tamanho da tela/tamanho da fonte que dá a sensação de ler mais rápido, os dicionários, os preços mais aprazíveis de livros importados. O futuro chegou?
Outro dia fuçando nos meus ALFARRÁBIOS procurando algum filme pra ver, dei de cara com Mandara, um filme da nouvelle vague japonesa, de 1971, dirigido pelo Akio Jissoji.
Eu colocaria o trailer dele aqui, mas o trailer é tão experimental que ele tem tipo 15% de imagens que são propriamente do filme - e elas são todas fotografias. De qualquer maneira, vou tacar uns frames pra vocês captarem um pouco da ideia:
Um dos lances principais do Jissoji são esses enquadramentos no mínimo pouco ortodoxos, que me fazem pensar o quanto funcionam pra narrativa e o quanto são só por serem visualmente impactantes. Não é como se eles precisassem ser sempre importantes pra narrativa mas eventualmente dá uma sensação de que é só pra ser artsy, saca? De qualquer forma, me pega muito. Tem sempre um dinamismo na coisa.
Eu tenho a impressão de que ele bebe nas mesmas fontes que uma galera do anime bebe (sejam elas quais forem. Aqui é pesquisa). Não por acaso eu só descobri o Jissoji pesquisando sobre (olha ele aí de novo) o Hideaki Anno, diretor do Evangelion. Esse sim foi influenciado diretamente pelo homem…
… mas não só pelos filmes. Vejam vocês: o Akio Jissoji trabalhou também dirigindo episódios de Ultraman.
O Ultraman sim influenciou diretamente o Anno - Evangelion é quase uma série Ultra em vários sentidos. Dá pra ver muito da estética dos episódios do Jissoji inclusive no curta-homenagem a Ultraman que o Anno fez quando jovem (no qual ele mesmo interpreta o personagem-título).
E aí colocaram uma arma na minha cabeça e me obrigaram a assistir os episódios de Ultraman que o Jissoji dirigiu. E são MUITO bons, os que eu vi. Um deles, em particular, Terrifying Cosmic Rays, é surpreendentemente fofo e bonito e mostra basicamente crianças tendo que lidar com a morte.
O clima geral é meio soturno, tanto nos episódios de Ultraman quanto no Mandara. Parece que tem um pessimismo inerente, uma bad vibe, uma tensão (que vem das escolhas dos enquadramentos… olha aí a “função” delas) que nem sempre se resolve.
Eu queria falar mais sobre Mandara mas sempre que eu falo muito sobre filmes que ninguém viu parece que eu tô FALANDO COM AS PAREDE. Quero discutir esse tipo de coisa com mais pessoas. Se pans a gente pode meter um Cineclube Não Sei Desenhar, com um filme nadavê por mês, e depois discutir eles online de alguma forma, possivelmente incluindo algo disso aqui na newsletter mesmo. Quem vem?
Recentemente saiu um jogo novo do Sonic, o Sonic Frontiers, um jogo que o pessoal tá falando que é “bom, pra um jogo do Sonic”. Provavelmente como um stunt publicitário certeiro, a Sega com certeza foi atrás de uma fábrica de energéticos de Santa Catarina pra produzir o energético oficial do jogo. Qual seria, portanto, o equivalente daquela avaliação do jogo em termos de refrigerantes? “É bom, pra um refrigerante do Sonic”? É o que vamos descobrir nos afundando em 220ml do energético Baly Kids sabor Sonic The Hedgehog (em uma belíssima e não planejada confluência de pautas com a newsletter da Isabela Thomé
)Pra começar, ele é um energético sem taurina e sem cafeína. Ou seja, é um energético sem a parte da energia. Em compensação, é cheio de vitaminas A, B9, B12 (a minha preferida) e B6. Porque é isso que a gente procura quando vai tomar um energético, é claro.
O sabor propriamente é de tutti frutti (existe uma versão uva, mas não) e o cheiro é de chiclete. Parece uma tentativa muito torta de fazer um Guaraná Jesus. É basicamente isso. Tem uma tentativa de sabor muito muito doce de tutti frutti, com retrogosto fortíssimo de pneu. E, como a indústria do refrigerante se preocupa muito com a nossa saúde, é claro que ele tem “50% menos açúcares” - em relação A QUÊ? À versão ADULTS do energético do Sonic? É o energético do Shadow?
Essa cor é…? Eu estou fascinado com essa cor. Essa cor não é muito Sonic The Hedgehog da parte deste refr… energético kids. Só de olhar pra esse laranja quase rosa eu devo ter pegado câncer.
Nem um gelinho ajuda isso aqui. Sem contar que enquanto os outros energéticos não-Red Bull tem umas latas gigantes, invariavelmente de 500ml, esse aqui tem 220ml. Um tamanho kids. Me lembrou aquela piada que o Woody Allen cita no começo de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. Ainda não tomei os outros refrigerantes do Sonic pra saber, então acho que ele é ruim, pra um refrigerante do Sonic. Nota: 3/10.
Galera do álcool por favor escreva nos comentários como fica o energético Baly Kids do Sonic misturado com vodca, por favor.
Nas últimas seis edições vocês tiveram o desprazer de acompanhar um experimento: uma série de seis contos que se fecham numa temporada, uma história só, semanalmente. Um FOLHETIM. Então agora o poder é de vocês: o que acham do formato? Funciona? Lhes interessa? Por favor: