eu não sei vocês mas eu perdi a exposição do Daido Moriyama porque foi a dois estados de distância de mim, mas quem por acaso ler isso aqui até o dia 14/08 e estiver em São Paulo pode ter a chance de ver umas fotos do cara ao vivo no MIS. Se lá estivesse, o faria.
Como não vou estar, vou ter que me contentar com o catálogo da exposição, o qual você pode me ajudar a comprar doando um pix para danilodoclee@gmail.com, o pix da alegria, o pix da emoção!!!!! Doe agora e concorra a prêmios1
outro dia eu descobri que tem a trilha sonora inteira de Space Runaway Ideon no Spotify
Eu já falei de Ideon aqui? Acho que não né?
Bom, vou presumir que a maioria das pessoas que me leem não sabem do que se trata. Se trata de um anime que saiu em 1980 e foi criado pelo nosso amigo Yoshiyuki Tomino, que é o mesmo criador de Mobile Suit Gundam e tantos outros animes de robô. Gundam tinha saído em 79 e não tinha feito lá muito estardalhaço.
Mas Gundam ganhou importância no gênero de mecha (leia-se “meca”), esses robôs humanoides de anime e tokusatsu, porque tratava os robôs como algo menos. Em séries como Mazinger Z ou Magma Taishi (aka Vingadores do Espaço aqui), os mechas eram robôs superpoderosos, únicos em seus mundos, um lance muito mais fantasioso. Em Gundam, os mechas eram apenas armas de guerra, não chegavam a ser especiais. Qualquer um poderia pilotá-los, ao contrário dos mechas de outras séries que tinham pilotos já designados e que costumeiramente eram os heróis da história. Além disso, Gundam tinha a guerra como seu tema central. As consequências dela, a inutilidade dela, a forma como pessoas são levadas pra ela. Não por acaso, Gundam originou o subgênero dos real robots, em oposição aos super robots.
Ah, e o Gundam tinha uma espadinha laser.
Pois muito que bem: em 1980 o Tomino vai lá e cria uma série de super robot, Space Runaway Ideon.
Ainda é sobre guerra e intolerância e união dos povos. É sobre um grupo de humanos fugindo de uma raça alienígena (que é IGUAL aos humanos), o Buff Clan, em um veículo gigantesco, armados com um mecha de 100 metros de altura chamado Ideon, um “deus gigante”. O Ideon e a nave Solo, o veículo em questão, usam uma energia chamada Ide, que é a grande fonte de poder (cada vez maior) deles.
Duvido que vocês se importem com spoiler disso mas mais pro final uma moça do Buff Clan fica grávida de um humano e o filho que eles geram é o que invocará o Ide e isso, bom, acaba gerando basicamente o apocalipse e uma nova gênese do universo. Isso não fica exatamente claro no final da série porque ela acabou no episódio 39 abruptamente. O anime foi cancelado devido à baixa audiência e o que restou pra galera foi meter um narrador contando o que aconteceu, de um jeito completamente corrido e absurdo. Eu fico me imaginando vendo a série semanalmente na TV e isso ter acontecido, simplesmente. Eu ia ME BORRAR
talvez eles tenham influenciado o final da novela Brida, na Manchete, anos depois
Aí que depois do fim de Ideon, Gundam começou a fazer muito sucesso, graças a reprises. Meteram então uma trilogia de filmes resumindo a série inteira e aí o negócio explodiu de vez (essa trilogia inclusive tem no Netflix).
O sucesso da trilogia de Gundam gerou grana e interesse suficiente pra que Tomino e sua galera pudessem retomar Ideon, agora como um par de filmes. O primeiro resumindo a série toda e o segundo como o final previamente pensado, com o tempo e o dinheiro e a animação que a história pedia. E veja bem: não é qualquer final. É um troço realmente bonito e transcendental, quase abstrato, que começa com uma trilha sonora operística e passa por um coral de crianças cantando “Happy Birthday”. Todo mundo morre e o Ide cria um novo universo, basicamente, com direito a imagens filmadas de verdade.
2022: quase ninguém lembra ou viu ou se importa com Ideon. Mas a influência dele persiste. Vai por mim.
Em 1995, um astro em ascensão do anime lançaria sua primeira série de TV completamente autoral. O rapaz se chama Hideaki Anno e a série se chama Neon Genesis Evangelion, que ele dirigiu depois de ter encabeçado um OVA (animação direto pra vídeo) chamado Gunbuster, também de mecha, e uma série chamada Nadia Of The Blue Water, um rolê steampunk. Influenciado por Ultraman, Gundam e, claro, Ideon, ele foi lá e meteu um anime de mecha que mexeu com a história toda dos animes que nem o Tomino tinha feito anos antes. E da mesma forma que o Tomino, teve que acabar sua série de um jeito que não era exatamente o planejado (ainda que bonito demais). Então a série, da mesma forma, foi pros cinemas. Da mesma forma, com um filme resumindo a história e um que seria o final final. E da mesma forma é um final operístico, transcendental, com direito a imagens filmadas. Eu não vou falar mais que isso, tem Evangelion na Netflix, incluindo o filme que é o final final. Vale muito a pena. E na Amazon tem os filmes-remake mas aí já é outro esquema (em parte).
Esse mesmo Hideaki Anno começaria a carreira fazendo um curta de animação com sua galerinha uma convenção de otakus chama Daicon III, mas por hoje chega desse papo.
No fim das contas: eu vi Ideon pelo Youtube tem uns bons anos. É um troço de nicho sim, mas não é nem um pouco ruim. A animação pode ser datada mas tem muita coisa boa e os temas são tratados com uma seriedade meio impensável pra época, naquele contexto — um seriado de anime de robô que era pra ser infantil ou coisa assim. Tem uns episódios realmente deprê. Mas é uma jornada bem interessante, principalmente o segundo filme.
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saiu o álbum da dupla Domi & JD Beck, duas meninas que tocam DEMAIS. É um jazz hard bop/r&b/soul sei lá o quê e conta com participações do naipe do Anderson .Paak, Thundercat, Snoop Dogg e Busta Rhymes, Mac DeMarco e Herbie Hancock (!!!).
sobre Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, deixo o refrão do Public Enemy falar por mim
ao contrário de Better Call Saul, que só melhora
não tem prêmios