Em São Paulo Sociedade Anônima, um babacão é pau no cu com todas as mulheres que passam na sua vida e ele bota a culpa na cidade de São Paulo dos anos 60.
Tá, não é bem assim. De qualquer forma, é uma fita brabíssima do Luís Sérgio Person (que alguns devem conhecer como pai da Marina) e um clássico que no geral se mantém moderno ainda. Quem diria: as grandes cidades e o capitalismo continuam engalfinhando as almas das pessoas que moram nele/nelas.
Aqui o trabalho e o crescimento acelerado e exacerbado da cidade se infiltram na vida do protagonista, vivido por um Walmor Chagas que tá voando, e isso é resumido desde o primeiro plano: o reflexo da cidade no vidro do apartamento enquanto o casal briga lá dentro. Uma pegada meio Antonioni.
Existe todo um jogo de ironia que é trazido com alguma frequência pela montagem mas de certa forma também pelas atuações. O filme flerta com uma certa teatralidade em vários momentos mas o personagem do Chagas parece puxar tudo pro plano do realismo, botando os pés no chão. A personagem da Eva Wilma, no momento em que decide que vai casar com ele, chega a agir que nem ele.
A primeira metade do filme é mais “experimental” de certa forma, é o momento em que o Person brinca mais com idas e vindas no tempo, e depois quando rola o casamento ele parece que fica mais linear, como se a vida dele tivesse entrado nos eixos. Mas isso acaba não durando porque, bem, algo vai atravancar a vida do cara de novo, o passado e o presente (e o futuro que fica só na eterna promessa) se misturam e o que resta é ele tentar começar de novo. São Paulo é soulslike.
Entrou na Netflix recentemente junto com outros filmes brasileiros dignos de nota, mas se quiser em resolução menor tem no Youtube também
E agora: ninjas ciborgues do futuro.
Cyber Ninja (ou “Mirai Ninja: Stealth Joy Cloud Device Side Story”, um nome perfeitamente comum) é um filme de 1988 que saiu no Brasil em VHS, e eu lembro disso porque eu alugava esse filme com alguma frequência quando era criança e desde então nunca mais ouvi falar nele. Várias das imagens dele estavam cravadas em alguma caverna escura e úmida do meu cérebro e reassistir depois de alguns poucos anos fez algumas memórias brilharem.
É basicamente Star Wars só que tokusatsu. Num futuro distante, o imaginário faz a volta e se torna um Japão medieval de novo e um clã enfrenta ninjas robôs liderados por um “Dark Overlord”. O cyber ninja do título é um Robocop/Kamen Rider da vida, cujo corpo e alma foram roubados pelo vilão, mas ele se rebela e usa todo o poderio de seu corpo robótico pra se vingar e ajudar os humanos. Basicamente é isso. Poderia muito bem ser o primeiro episódio de uma série de tokusatsu mesmo.
Pô, olha a cena em que o Shiranui, o ninja em questão, aparece pela primeira vez. COMO que eu não ia curtir isso aqui pra caralho.
Foi o primeiro filme dirigido pelo Keita Amemiya, também responsável pelos designs FODAS (principalmente do protagonista) e diretor de outros tokusatsus no futuro, incluindo Zeiram (famoso também pelo OVA prequel, Iria) e a série Garo. Dá pra ver uma tentativa de uma visão mais impactante aqui em várias cenas, ele tenta arrancar uma dramaticidade bonita com alguma frequência. Mas os conceitos das coisas do universo do filme acabam chamando a atenção: tem um canhão do tamanho de um prédio, um castelo com patas de aranha, encaixes cibernéticos que aparentemente medem o “poder” de uma pessoa e fica preso na têmpora dos caras, e algo que eu lembrava do VHS em particular: espadas em que os personagens encaixam balas, projéteis mesmo, e isso dá um “tranco” extra em alguns golpes.
O trailer estadunidense, obviamente, é puro suco do sci-fi da época
Tudo isso foi financiado pela Namco, num projeto de media-mix pra divulgar um jogo de fliperama que parece ser horripilante
A quem interessar possa, tem inteiro com legendas em inglês no Archive.org.
novo do Washed Out tá bem simpático, ainda que meio no automático demais, mas ainda naquela vibe disco/chillwave bem agradável
novo do Prefuse 73, famoso pelo hip-hop instrumental, aqui pegando coisa de trilha sonora de filme de crime dos anos 70 (a la Ennio Morricone e tal), jazz-fusion e grooves altamente climáticos. Essa aí é a parte 2, a parte 1 saiu no começo do ano e vai na mesma pegada
isso aqui vale só pelo nome: o álbum de 2014 chamado Everything Is Drugs da banda dinamarquesa Complicated Universal Cum. De qualquer forma, é tipo um industrial, eletropunk, meio krautrock… e por aí vai
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