O jogo que eu falei que tava usando pra testar o poderio do Xbox Series é o Asura’s Wrath, um jogo de Xbox 360 do qual eu já tinha ouvido falar muito e faz tempo que tinha curiosidade de jogar.
É um jogo de anime de porrada. Basicamente. Isso porque a estética toda é de anime, ele é tipo um Dragon Ball Z AINDA MAIS EXAGERADO em termos de escala de poder. E ele é dividido em episódios como um anime mesmo, com direito até a bumpers, aquelas cenas curtas que indicam quando o desenho vai pro comercial e volta. Fora créditos passando no começo dos episódios e em momentos específicos. Em parte ele foi na onda de jogos como God of War e Dante’s Inferno, só que a brincadeira aqui é pancadaria usando a mitologia budista como plano de fundo. O personagem principal, o Asura, é um dos semideuses que protegem a terra, só que o chefe deles (chamado Deus, assim mesmo) tem um plano que envolve matar a mulher do Asura e usar o poder da filha do cara. E isso deixa o Asura muito puto. Mas muito, muito puto. A maior parte do jogo é ele berrando, a outra parte é ele dando porrada em alguém. E a porrada é descida na mesma medida em que os berros rolam.
A escala é, na falta de uma palavra melhor, mitológica. O jogo se passa ao longo de 12 mil anos. O primeiro chefe é um cara que chega a ficar do tamanho do planeta Terra e tenta atacar nosso amigo Asura com um dedo quilométrico. O chefe apanha, claro. E daí a coisa só escalona. O Asura morre e volta sei lá quantas vezes, e com quanto mais raiva ele fica, mais poderoso - e ele abraça isso e foda-se. O chefe final do jogo é simplesmente a Vontade da Terra - e não por acaso a forma final dele lembra o próprio Asura.
Em termos de jogabilidade: ele é uns 70% quicktime event e o resto é trocação molhada estilo o supracitado God of War (da época, antes do Kratos ter filho), com umas partes de shoot’em’up. Mas como eu queria que fosse só quicktime event. Ele não é ruim de jogar, mas parece que os eventos parecem se encaixar de fato na proposta e a parte de pancadaria atrapalha um pouco o ritmo da história. No fim, eu já tava cansado de bater nas pessoas e tava mais interessado em apertar o botão de soco na hora certa ou apertar os direcionais pra mexer as pernas do Asura. E parte da pancadaria é um pouco pentelha, o jogo exige umas sequências de golpes específicas que não ficam claras, o Asura nem sempre é rápido quanto deveria quando tu precisa… tem umas coisas estranhas ali.
Aí fiz o final simples e não o verdadeiro. Aliás, nenhum dos finais verdadeiros: o final final do jogo só acontece NUM DLC e isso é muita sacanagem. Se eu não estivesse tão cansado do gameplay eu até encarava (não tá caro), mas aí eu tive que partir pro Youtube mesmo e rolou um ligeiro arrependimento por que as partes de quicktime event do DLC parecem bem boas. O jogo dá até uma brincada com as expectativas e tal nesse sentido. Depois passou e eu tirei uma pestana.
De um jogo que se afunda na mitologia budista pra um que a tem como plano de fundo: saiu recentemente um joguete bem simples e rápido chamado Venba. Venba é a personagem principal, uma mãe de família que saiu da Índia pra morar no Canadá e o jogo trata de como a distância dela com o país natal afeta ela e a família. A principal forma de lembrar da Índia e se conectar com as pessoas? A culinária. Então o jogo transforma o ato de cozinhar em pequenos puzzles em que a personagem vai puxando da memória pelas receitas e momentos que cruzam o ato de cozinhar com a própria história dela.
É bem bonito como o jogo trata isso e eu não vou me aprofundar muito em detalhes porque o jogo é curto e fácil de achar (tem no Game Pass), mas vale bem a pena.
Entrei na onda de Vale O Escrito também e, apesar da edição confusa da coisa toda e do excesso de Pedro Bial, a história vale a pena. O clima de fofoca misturado com a vibe de máfia funciona. Se fosse pra fazer um resumo dos acontecimentos, seria algo como:
Rio de Janeiro.
VHS japonês da semana
Eu não sou muito desses reacts, mas fiquei um pouco obcecado com esse vídeo recentemente
É muito massa ver a reação do chat, a galera ficando de cara principalmente com a letra (“the lyricism is immaculate”) e com o som, em especial quando AQUILO acontece no meio da música. E, bom, essa música né? Não tem nem o que dizer.
O que eu tenho a dizer é que vendo esse vídeo eu me dei conta de que nunca tinha ouvido o álbum inteiro, provavelmente por que eu sou um burro. É massa como quase todo ele tem uma sensação de IMPENDING DOOM, um desespero latente, uma respiração que se torna um arfar. A calmaria que precede a tempestade, e então a tempestade vem. Mesmo em momentos mais de boa, existe um suspense rondando.
Mas o triste mesmo é descobrir que um trecho de uma música do PAPAS DA LÍNGUA é uma citação a Acalanto, a música que fecha o álbum, tirando a frase de contexto e acabando com o suspense que eu citei acima.
E cara, Construção né? É o tipo de coisa que me deixa boquiaberto sempre que eu ouço, o tipo de OURIVESARIA criativa que parece coisa de alucinado que deve ter tomado milhões de anos de vida do Chico pra ser finalizada mas que eu simplesmente curto muito. É tipo alguns trabalhos do Alan Moore, como Watchmen, a forma como tudo parece se encaixar. E em poesia/música isso parece particularmente difícil.
Tem um exemplo desse tipo de coisa que eu gosto muito que é Nove e Nove, do Tião Carreiro & Pardinho. Parece que ele jogou as nove palavras “nove” ali nas estrofes e depois criou a música em volta dessa estrutura e ainda usou isso como método narrativo.
É coisa de maluco, claro, mas tem algo que parece que atrai muito. Pro bem e pro mal, porque ao mesmo tempo que é inspirador, não dá pra usar isso como norte toda vez que eu for criar qualquer coisa. Senão nós tamo tudo fudido
De coisa recente tem o novo do Quantic, disco music moderna com banda finíssima como sempre
e de coisa não tão nova mas recém-lançada online tem o 90 Day Men, post-hardcore dos anos 2000 que puxa pra jazz às vezes, de um jeito bem sagaz
Para o desespero dos leitores contumazes desta newsletter, o pior aconteceu: DUNGEON ESPIRAL vai voltar, depois de um ano de pausa, a partir de semana que vem.
2023 foi um ano de pouca ficção por aqui (para o bem da sanidade de vocês), então a galera que chegou mais recentemente pode não estar ligada: Dungeon Espiral é uma série de contos divididos em temporadas, que nem série de TV mesmo. Pra quem quiser conhecer ou relembrar, vou deixar os links pros episódios anteriores abaixo:
Depois não diga que eu não avisei.
E eu prometo que a terceira temporada não vai demorar tanto pra chegar (isso é uma ameaça), fiquei muito tempo longe dessa história e isso com certeza influenciou o resultado da coisa toda.
Pra quem não sabe/lembra, eu entrei no NaNoWriMo de 2022, tentando meter o desafio de escrever um livro de 50 mil palavras durante o mês de novembro. Só fui terminar em março. Isso me deu um cansaço de narrativas longas que pelo visto durou até bem pouco tempo atrás. Mas agora vai.
Boooooooa!! Tava esperando a volta do Dungeon Espiral.