Não Sei Desenhar ǂ98 - 18/08/23
teve algum assinante que caiu na newsletter através do Google. Minhas sinceras desculpas
agora eu vou fazer um review do refrigerante Red Mint da marca St. Pierre
Isso aqui é outro nível de refri. Refri de rico mesmo. Lata de 250ml que deve ter custado o preço de uma Coca 2l. Eu sinceramente nem lembro. Esbanjando em nome do jornalismo.
O gosto me lembrou muito um xarope de framboesa. Xarope desses pra tosse mesmo. Ainda que sem a mesma cremosidade, o que tira um pouco da graça. Mas aí é nostalgia. O importante aqui é que ele com certeza traz o sabor clássico da menta vermelha, que é esse sabor que só os ricos conhecem. Um sabor que só pode ter vindo direto do principado de Mônaco. Me senti novamente em Londres bebendo isso aqui. Eu diria que faltou algo mais cítrico mas não é ruim não, a lembrança do xarope me fez comprar a ideia do produto. Tem uma ameaça de retrogosto mais amargo que nunca vem por que isso provavelmente não seria muito rico da parte do refri. Não esperava nada de muito diferente disso no geral. Se eu tivesse uma avó milionária que morasse numa mansão do século XIX, com certeza ela beberia St. Pierre sabor Red Mint. Nota: 8,5/10.
vinis lindos da semana: Fairy Rust, do Wombo
e esses dois do Packs
Hora de falar daquele gênero de filme que tá sempre em alta, tá sempre na boca da galera, do qual todo mês sai um exemplar novo: o ROMANCE DE AÇÃO. A saber: A Moment of Romance, do Benny Chan, de 1990.
Talvez seja um Romeu e Julieta com filme de ação de Hong Kong da época? Um lance meio Wong Kar-Wai. Só que mais melodramático, um melodrama aliás frequentemente puxado pela trilha sonora.
Parece que mistura a fotografia neon típica dos filmes dessa fase com o colorido dos romances do Douglas Sirk, e não por acaso. Tem uma inocência, uma coisa simples mas ao mesmo tempo fatalista por que a gente sabe que nada do que acontece ali tem como durar muito tempo. O amor adolescente da menina rica que se entrega prum cara que é um fodido em vários sentidos, o qual tem que escolher entre o amor dela e a vida no crime - se é que ele tem como escolher. Primeiro o fogo como símbolo de vida e a água como renascimento. Tem umas imagens em particular muito bonitas, como o casal fugindo de moto de uma explosão, ou se abraçando no meio do caos de um racha de caminhões. E bicho, o que é aquela cena do casamento. Puta merda. Pra completar ainda tem cenas de ação bem boas. Boas num nível de eles parecerem ser tudo muito fácil de fazer, o que é sempre um problema por que aí a gente fica achando que é fácil mesmo. Vai lá fazer perseguição de moto pra tu ver, vai.
Disponível aqui em qualidade boa graças ao Acervo do Drive.
E do mesmo ano, teve também um clássico do John Woo: Bala Na Cabeça, estrelado por um Tony Leung novinho, muito fofo ver ele nessa fase.
Conversa muito com o Moment of Romance no sentido de que é um drama de ação, uma tragédia, só que aqui tem um lance político pesadíssimo. É muito sobre a esfera política se entrelaçando com a pessoal e como aquela influencia essa. Três amigos de infância precisam fugir de Hong Kong e vão pro Vietnã, no meio da guerra, e aí só dá merda pro lado deles. O que começa como uma briga de gangues que beira a inocência, logo na abertura do filme, termina com uma violência muito mais brutal e cheia de consequências para todos os envolvidos. É muito sobre a guerra e sobre o que sobra depois dela, e como ela extrapola o pior do ser humano.
E a onda Hong Kong não parou: teve também Election, de 2006, do Johnnie To. Que me ENGANOU ao me fazer acreditar que era um filme de ação, mas isso que dá ir ver os filmes sem saber nada. O lance é que esse é quase um anti-filme de ação. Rola uma eleição pra decidir quem vai ser o presidente de uma sociedade da Tríade chinesa mas a coisa só embola por que um deles não quer aceitar a derrota. E aí é meio que um rolo político de suspense, uma rede cada vez mais intricada de personagens que vão surgindo e sumindo como se não fossem nada, apenas nós dessa rede gigante. Ação propriamente tem muito pouco, mas o clima frequente de tensão funciona e o To filma tudo muito bem. Rola todo um lance de honra e tradição e uma certa ironia em relação a esse tema. Agora tenho que arranjar um dele que tenha tiros e cenas de ação per se, pô. Entrei nessa pra ver chineses voando e atirando uns nos outros (mais ou menos). Mas é um bom filme de qualquer forma.
por falar em filme:
no meio dessa viagem cinematográfica a Hong Kong ainda consegui ver Barbie e: é bom. Treinando I’m Just Ken pra cantar no karaokê eventualmente.
por falar em karaokê:
chegando atrasadíssimo mas ouvi um clássico de 1971 do Traffic, banda inglesa que fazia um jazz-rock de boinha bem na linha do Steely Dan e é foda
(detalhe que a capa original do vinil tem o formato do desenho ali do álbum. Tipo, não era uma capa quadrada. Loucura)
tem o novo do Matt Wilde que é um hip-hop instrumental com jazz, batendo na trave de um chillhop pra estudar e tal
e esse hit do funk mineiro que parece alguma música de terror que poderia ter sido produzida pelo Joe Meek (na real que não é só essa música, tem toda uma cena com essa sonoridade)
alguém lembra de Modjo - Lady? Vocês lembram sim que eu sei
Sempre gostei dessa música, mesmo quando ela surgiu na época do auge do POPERÔ europeu que assolava as rádios do final dos 90/começo dos 2000. Depois de velho me dei conta que se encaixa no subgênero do french house/french touch, esse estilo muito específico aí que costuma envolver samples de disco music dos anos 70 atualizados com batidas mais pesadas dos anos 90. Fui ouvir o álbum deles que tem essa música e de fato tem uns sons bons com sonoridade french house propriamente como Music Takes You Back e por algum motivo ali no meio tem umas que parecem ser lado B da Britney Spears ou Backstreet Boys que não fazem o menor sentido. Mas é bem divertido.