Não Sei Desenhar ¯96 - 04/08/23
finalmente a opinião que todos estavam esperando sobre Barbie e Oppenheimer
Terminei hoje Perto do Coração Selvagem, meu primeiro livro da Clarice Lispector, aquela escritora que tá mais acostumada a produzir frases para Facebook e Instagram.
Impressionante né? A poesia toda da forma de escrever dela. Como os sentidos das palavras explodem pelos parágrafos. Ela pega a língua e faz o que quer com ela e é isso aí. Se afunda no universo interior dos personagens - e principalmente da personagem principal - e sai pelo outro lado e volta e mesmo que pareça acontecer pouca coisa, acontece muito.
É tipo essa abertura dos Simpsons só que no reverso
O lance todo do que se passa na cabeça dessa mulher que é muito diferente de todo mundo à sua volta, que é cheia de conflitos e pensamentos que parecem não se encaixar com o resto do mundo e aí chega a ser vista como vilã. Cheia de conclusões inconclusivas e tal.
Essa moça Clarice aí tem futuro hein. Continue assim. Pô, e pensar que esse foi só o primeiro livro dela e foi lançado em mil novecentos e QUARENTA E TRÊS, quando ela tinha 23 anos. E eu aqui no meu velho e querido banco
De qualquer forma fiquei curioso pra ler outras coisas dela, principalmente depois de mais velha.
e agora, pop/hip-hop indígena siberiano
aliás, um dos álbuns interessantes da semana é o da produtora egípcia El Kontessa, que mistura a música local com eletrônico experimental assaz interessante
e aí esse som acabou me lembrando inevitavelmente da música abaixo, um funk carioca feito por uma dupla israelense que meio que bombava em Londres quando eu visitei em 2019 (💅)
saiu também um novo da Budos Band, que é o famoso mais do mesmo só que bem feito: funk/soul setentista psicodélico, altos climinha
e também sou obrigado a reiterar, pra quem não viu as ovações no Twitter: o novo do FBC tá finíssimo, disco/house/rap classudo demais, atualizando aquela vibe Marcos Valle, pronto pra pista
vinis lindos da semana: essa trinca do Sheer Mag pela Third Man
Eu acho muito massa o conceito de pegar uma palavra e quebrar ela em partes e achar um suposto significado novo “como o próprio nome já diz”, aquele lance tipo “computador… ou seja, computa a dor” e outros lances do tipo. Aparentemente nasceu de fazerem isso com palavras como “preconceito” e aí qualquer falso cognato vira etimologia freestyle. O objetivo? Tentar mostrar algum tipo de realidade escondida e usar isso como discurso motivacional de coach, como no caso do vídeo abaixo. Simplesmente uma das coisas mais estupidamente pernósticas que eu já ouvi:
(uma versão menor desta humilde PENSATA está no Twitter, engaje você também e entre nesta emoção)
E agora você vai finalmente saber o que esta pessoa achou de Oppenheimer através de uma crítica pormenorizada e abalizada e que vai abalar as estruturas do mundo ocidental
Não é pra mim.
E agora você vai saber o que esta pessoa achou de Barbie e essa sequência de pensamentos transpostos para palavras vai fazer você repensar o seu pequeno mundinho e consequentemente mudar sua vida para sempre
Ainda não vi, pare de me pressionar.
Em compensação eu vi um filme japonês de 2022 chamado Bad City, filme policial de pancadaria honestíssima. Tomara que adaptem pra anime.