Não Sei Desenhar %87 - 02/06/23
seria essa a fase menos galhofa da newsletter? Só lendo pra saber
Na época do Enter the Wu-Tang (36 Chambers), o produtor do disco, o RZA, fazia umas competições entre os nove integrantes do Wu-Tang Clan pra ver quem fazia as rimas mais nervosas. Os ganhadores iam entrando nas músicas da forma como era possível.
Corta pro Brasil em 2023: olha a quantidade de gente enfileirada nesse funk (e em vários outros recentes)
Sim, é aquele que os gringos tão pirando no beat, eles que não tão acostumados à violência sonora dos graves e agudos exagerados do mandelão.
Em tempo: essa aí de cima é hit, tá? Foda a quantidade de ganchos em menos de três minutos.
Diário de Hyrule (talvez contenha spoilers de Zelda Tears of the Kingdom de coisas que podem ser legais de descobrir por conta própria)
Aí eu resolvi ir andar pelo local onde a gente começa o Breath of the Wild, um ponto mais a oeste do ponto central do mapa (lembrem-se de que é basicamente o mesmo mapa do jogo anterior). Não é possível que não tenha nada lá. E tinha. Uma missão gigante que me obrigou a andar pelas profundezas e me fez descobrir que o lugar não é tão assustador quanto parecia da primeira vez e dá pra andar por ele sem se incomodar muito. Resultado: andei que nem doido lá por baixo e ainda ganhei um poderzinho novo graças ao que tem no local supracitado. Esse jogo não cansa de ser esperto. Depois disso eu libertei uma vila da tirania de piratas - no processo descobrindo que tem jeitos mais espertos de matar grupos de inimigos que não partindo pra cima deles que nem o John Wick de orelha pontuda - e agora nós a estamos reconstruindo. Me parece que as histórias que surgem de ToTK tão mais interessantes no geral do que as do anterior.
E na Bélgica de 1972 que os caras já tavam fazendo hardcore antes de todo mundo
E no Japão de 2023 os caras tão lançando clipe pra uma música que saiu 40 anos antes - no caso, um hit do city pop da lenda Tatsuro Yamashita. Um clipe altamente VIBES e bem legal por sinal
Há umas trocentas edições eu falei sobre aquele crossover entre alguns dos maiores personagens do PANTEÃO japonês, a saber: Kamen Rider, Godzilla, Ultraman e o EVA-01 de Evangelion, e sobre o envolvimento do Hideaki Anno no rolê todo já que ele fez Evangelion, dirigiu Shin Godzilla e Shin Kamen Rider e roteirizou Shin Ultraman junto com seu broder Shinji Higuchi.
Bom…
Eu quase esqueci: tem um conto meu publicado.
No caso, um conto chamado Mundo Aberto, que saiu aqui na newsletter em alguma edição. Veja bem, eu JURO que tava aqui em algum lugar mas não tô achando pra linkar??? Que porra é essa.
De qualquer forma, se você aí quiser se arriscar, o conto tá no meio dessa coletânea de contos de humor da Editora Persona. Veja bem, eu só mandei o conto e ele foi selecionado, não tenho responsabilidade nenhuma sobre o design do livro, sobre seu conteúdo pra além do meu conto, ou qualquer coisa assim. Talvez o fato de o meu conto ter sido selecionado fale algo sobre o critério de avaliação dos caras.
minha memória está se deteriorando ao vivo
Fazia tempo que eu não ficava “obcecado” com algo como fiquei com os momentos finais de Succession. Eu revi cenas do último episódio como se tivesse chamado o VAR, vi vídeos de resenhas de gente que eu nunca vi. Tem algo nessa série que me pegou muito mais do que eu imaginava. Fiquei pensando se era porque eu assisti o final com amigos, porque tinha muita gente na minha bolha do Twitter comentando, se era o hype geral em volta… mas não era bem isso.
Veja bem, eu não tava necessariamente preocupado com quem iria suceder o Logan, ou exatamente curioso com o que iria acontecer com cada personagem. Eu assisti como sempre assisti a série e coisas em gral, deixando ela me levar. Muito desse apreço pela série vem da construção do personagens, acompanhar a intimidade daquele bando de pau no cu com certeza dá uma sensação de que a gente tá vendo uma fofoca acontecer ao vivo - e no fim histórias como um todo são sobre isso.
Muito é também por causa da própria proposta da série e da sua estética. Não é todo dia que tem uma série com esse peso e que consegue fugir completamente da estética Sopranos que toma conta da “TV de prestígio” como um todo - o ritmo mais lento, os enquadramentos redondinhos, a construção lenta do plot. Succession é uma série que é muito boa no episódio a episódio. Num certo sentido é o oposto de The Wire, que se constrói como um longo entrelaçado de tramas onde cada episódio mal parece ter começo, meio e fim (e de um jeito bom e proposital, não cheio de barrigas e como desculpa pra maratonar como as coisas da Netflix). Em Succession tudo acontece no agora, todo episódio tem uma tensão quase palpável, tudo é muito nervoso. Não deixa de ser surpreendente que eles consigam tirar suspense de coisas como uma reunião de acionistas. Muito disso acaba voltando à construção dos personagens, claro. (O que me lembra a forma muito sagaz como eles vão jogando informações sobre a vida dos personagens meio que só salpicando como se não fosse nada, inclusive no último episódio. Inclusive acontecimentos da história que em outras séries poderiam ser um exemplo do uso da Tchekov’s Gun são muitas vezes deixados de lado porque o interesse da série é outro)
Mas não dá pra esquecer da direção e das atuações e do fato de que a série é em grande parte uma comédia. Dá pra dizer que em Succession eu cheguei pela comédia e fiquei pelo drama. Já comparei com The Office aqui e mantenho a proposição, e também já defendi muito séries dramáticas de meia hora justamente por esse descompromisso com um gênero só, essa liberdade de criação. Succession faz justamente isso, mesmo com seu hiperrealismo (e não puxando pro surreal como em Atlanta por exemplo), só que com uma hora por episódio.