E o clipe novo do Black Alien hein
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não decepcione o Sonic dos Bailes
RIP Mark Lanegan. Nos anos 90 ele foi vocalista do Screaming Trees, uma das bandas mais interessantes do grunge…
… participou do melhor álbum do Queens of the Stone Age…
… e depois meteu principalmente uma frutífera carreira solo.
Aliás, semana passada faleceu a Betty Davis, lenda do funk/soul, que foi casada com o Miles e que era foda também.
Via o CEO DA HOLOTRONIX MICROFONES Lucas Rosso
Não basta uma guerra começando
a lata de funcionário do INSS aposentado
Memórias de Carnaval
Chegou o carnaval!
Ah! Todo mundo tem histórias de carnaval, né? Aquelas memórias que vão durar pra toda vida, as situações que você vai contar pros netos.
Eu por exemplo uma vez fui no carnaval em Siderópolis-SC. O DJ no trio elétrico tocou É o Tchan.
Teve um carnaval em Orleans-SC em que um amigo meu ficava abrindo os portões das casas em que a gente passava! Inacreditável. Só mesmo no carnaval uma coisa dessas.
Teve um carnaval em Laguna-SC que eu fiquei duas horas no engarrafamento pra entrar na cidade. Depois choveu.
E teve os inesquecíveis carnavais no Yate Club Morro Dos Conventos-SC. Ah teve. Eu tinha umas fotos aqui de uns dois desses carnavais. Eu postaria mas não lembro mais onde elas tão. Vou ter que vasculhar num HD externo velho aqui. Mas eram fotos muito engraçadas. Eu juro. Hahahaha. Tinha uma que eu tava olhando pra cima.
Enfim são muitas memórias
Pedro - parte 2
(outras histórias passadas na cidade de Maravilha do Sul você pode encontrar nas seguintes edições anteriores desta newsletter: #14, #16, #17, #18, #19, #21)
A mão do General cobria um repolho inteiro. Ele olhou pro repolho por vários lados, aprovou e colocou no carrinho, ao lado de uma caixa de cerveja, um saco de carvão, uns pães e maionese. Seguiu caminhando pela seção de verduras e não parou quando viu uma figura usando chapéu, apoiando um dos pés numa geladeira e jogando uma maçã giratória pra cima e pegando de volta. A figura parou de jogar a maçã e usou ela pra colocar o chapéu um pouco pra cima e mostrar o sorriso confiante de Pedro. Um sorriso que queria ser cool, como se soubesse de muito mais coisa do que sabia realmente.
- Não sabia que generais iam pessoalmente fazer compras. – disse Pedro. – Achei que mandaria algum subordinado.
- Aparentemente não posso deixar certas coisas nas mãos dos outros. – disse o General, com uma voz grave e um sorriso minimamente simpático. – Bom dia, Pedro.
- Bom dia, General. – Pedro mordeu a maçã. – Visitando a cidade, então? Vai rolar um convescote?
- Sim. – disse o General, sem olhar para Pedro, analisando as verduras. Pegou um pacote de salsa. – Vamos fazer um churrasquinho. Uma pena que não dê pra comprar a carne aqui nesse mercado. – olhou para Pedro. – Ouvi dizer que tiveram alguns problemas.
Pedro engoliu em seco.
- N-não foi nada de mais, a Maria Antônia já tá cuidando disso. – mordeu a maçã e olhou para o lado para esconder o nervosismo. – Mas o senhor veio a passeio? Ou tem alguma coisa importante pra resolver?
- As duas coisas. – analisou um pacote de rúcula.
- Algum assunto de família?
O General olhou para Pedro e apertou os olhos ligeiramente.
- Não. A princípio não. – colocou a rúcula no carrinho. – Por acaso você tem algum interesse nisso?
- Eu? De maneira nenhuma, só tô perguntando! Não é sempre que a gente vê o General por aqui, né.
- Entendo.
- Por falar nisso, o senhor ouviu falar na história daquele rapaz, Ezequiel?
- Não. – o General foi andando com o carrinho, fazendo Pedro sair de sua posição e deixá-lo passar.
- Ele veio da cidade grande aqui pra Maravilha procurando o pai dele, que ele não conhecia.
- Que triste. – pegou um pacote de alface.
- Parece que ele é filho da Marta.
Pedro viu o General parar com o pacote de alface na mão. Talvez o General tenha ficado ligeiramente vermelho e arregalado um pouco os olhos. Mordeu mais um pedaço da maçã.
- Bom pra ela. Tomara que ele encontre o pai.
- O senhor não faz ideia de quem possa ser?
- Não tenho como saber, Pedro. Não moro mais aqui. Não tenho interesse nos assuntos dessa cidade. Só venho pra cá quando necessário.
O General se virou lentamente e inclinou o corpo um pouco para perto de Pedro.
- Espero que, da mesma maneira, você não tenha interesse nos meus assuntos, detetive. Você não vai querer se meter nos meus assuntos. Pro seu bem, pro bem da sua agência e pro bem da sua família e desse mercado.
Pedro mordeu mais um pedaço de sua maçã, como se a fruta pudesse cobrir sua expressão de nervoso. Não percebeu, mas ficou um pouco arqueado. Pareceu perder alguns centímetros de altura.
- Tá bom.
- Ótimo.
O General seguiu em frente, empurrando seu barulhento carrinho de mercado. Pedro olhou aquele homem enorme ir embora, então ajeitou seu corpo e para manter a pose foi apoiar o cotovelo no balcão das laranjas, mas acertou uma delas sem querer e perdeu o equilíbrio e dezenas de laranjas começaram a rolar umas sobre as outras pelo balcão e caíram como se estivessem fugindo dele e Pedro tentou segurá-las mas não tinha como e em pouco tempo todas as laranjas estavam no chão. Pedro ergueu a cabeça e viu Maria Antônia olhando pra ele. Ela parecia estar fumegando.
*
O perfume do churrasco estava atrapalhando um pouco a concentração de Pedro, mas também não era como se ele precisasse dela tanto assim. Estava sentado num canto de uma das tábuas velhas que formavam uma das três fileiras da arquibancada do campo de futebol do Maravilha Futebol Clube, junto com outros três ou quatro marmanjos que ficavam analisando o jogo. Não que o jogo importasse: era só uma brincadeira entre amigos que depois seria seguida de churrasco e cerveja. Mas jogavam figuras como Cláudio Bandeirante, o delegado Borba, Melquíades, Calculadora, o padre Saulo, e o General.
Pedro sentou meio escondido mas caso o General viesse reclamar ou lhe ameaçar, diria que só estava ali pelo jogo. O General não fez nada de particularmente suspeito: jogou na zaga, correu um pouco, suou muito, falou umas besteiras com o goleiro e depois se juntou aos colegas no churrasco. Pedro saiu antes do fim do churrasco imaginando não ser percebido, e ficou em seu carro esperando o General sair do campo para segui-lo.
Mais pro final da tarde, o General foi para sua mansão, saiu depois de vinte minutos e foi até a casa de Márcia, que o esperava na calçada usando um vestido roxo com um decote proeminente. Ela entrou no carro do General e eles voltaram para a casa dele. Pedro acompanhou a movimentação sempre a quase uma quadra de distância, imaginando ser o suficiente para não ser percebido, e estacionou seu carro no final da rua onde o General morava.
Deu uma passada lenta de carro pela frente da casa mas apesar da cerca ser vazada, as cortinas estavam fechadas então não conseguiu ver nada lá dentro. Uma hora e meia depois, estacionado em outro canto, Pedro viu Márcia sair andando da casa. Ela parecia furiosa, andava batendo os saltos de seus sapatos na brita da entrada da casa. Pouco tempo depois, veio o General de carro, buscando-a. Os dois pararam um ao lado do outro diante do portão principal da casa. Pareceram conversar algo, sem se olharem. Após um minuto de conversa, o General abriu a porta do carona e Márcia subiu no carro. Ele a deixou na porta de casa, sem nenhum cumprimento de despedida. Saiu logo em seguida e passou pelo carro de Pedro sem percebê-lo, até porque Pedro estava amassado no banco tentando não ser visto.
O General não foi pra casa. Pedro imaginou que ele ia na casa de algum de seus amigos, porém as casas foram ficando para trás e de repente ele se viu se afastando do centro da cidade. Pegaram estrada de chão, subidas e descidas, poeira, buracos, e Pedro sempre tentando manter uma distância razoável a ponto de não ser visto, o que era um desafio extra já que tinha que manter os faróis do carro acesos. Depois de uma descida mais íngreme, o General virou à direita. A estrada dava num pequeno sítio que tinha uma casinha de madeira, uma horta e, num cercado separado, uma vaca empalhada. Ali do alto, Pedro viu outros quatro carros estacionados no local e o General estacionou ao lado deles. Saiu do carro, acendeu uma lanterna e se enfiou no sítio, seguindo por trás da casa. Pedro teve que arranjar um canto para estacionar. Com uma câmera munida de uma grande lente tele, saiu do carro e seguiu o General obtendo uma visão panorâmica da situação.
Havia outras pessoas com lanternas ou luzes de celulares. Pedro ajeitou o foco da lente para ver o jornalista Cláudio Bandeirante, que tacava a luz da lanterna na cara do General enquanto este se aproximava do grupo. Com uma mão na cintura e a outra empunhando uma lanterna irrequieta, havia o Delegado Borba. Mais próximo dos carros e o primeiro a cumprimentar o General, Pedro viu Valter, o padre aposentado. Em seguida, o General cumprimentou o técnico do Maravilha Futebol Clube, Melquíades. Afastado deles porém mais para dentro na escuridão do sítio, Pedro pôde divisar o bigode portentoso do cinco vezes prefeito O’Hara. E então o General mirou a lanterna para algo que só podia ser o motivo daquela reunião.
Uma cratera de quase oitenta metros de diâmetro, com um ponto central mais fundo que o resto, entregando a forma de uma panela. No exato centro dela, havia uma pedra negra brilhosa que devia ter uns dois metros de altura. O General vasculhou a cratera com a lanterna e depois saltou para dentro dela, dirigindo-se para o centro. De trás da pedra, com uma lanterna menor, apareceu na visão da câmera um homem magro e pequeno que Pedro nunca tinha visto antes. Parecia ter feições orientais. Ele tinha um caderno debaixo do braço e usava uma câmera profissional para tirar fotos da pedra bem de perto. Ele e o General conversaram. Pedro então deu por si e começou a tirar fotos de tudo aquilo, de todos os presentes e principalmente daquela cratera e daquela pedra.
O grupo se reuniu na borda da cratera. Conversaram um pouco e ao final, todos olharam para o oriental e ele fez que sim com a cabeça. Em seguida, foram seguindo para os carros estacionados, o que foi a deixa para Pedro sair correndo para o seu. Naquela noite, Pedro dormiu mal.
CONTINUA…