Pra vossa excelência que porventura tenha perdido o financiamento coletivo do Fronteiras Siderais, a coletânea de contos de space opera que traz vários contos de um monte de nome foda da FC brasileira e por azar também tem o meu no meio: não temas.
No site da Uiclap dá pra comprar a versão física
Na Amazon dá pra comprar o ebook
Agora não tem mais chororô, tomem vergonha na cara e comprem
e o ACÚSTICO MTV do Queens of the Stone Age?
não sei o que pensar, mas tá valendo eu acho
Enquanto isso, o álbum novo do Cameron Winter tá bem interessante: folk/pop quase experimental, cheio de ideias legais e o vozeirão do Winter
O Mark Pritchard é um inglês que fez um monte de coisa na cena eletrônica, e pro álbum mais recente dele, chamou ninguém menos que o Thom Yorke do Radiohead. O resultado é um álbum altamente climático, quase fantasmagórico, de música eletrônica não-dançante
Tem coisas a se pensar aqui nesse post do Adam Mastroianni (🤌)
Por mais que eu não estivesse planejando propriamente ver outro filme do Wong Kar Wai, por certos motivos acabei vendo Ashes of Time Redux e ainda bem que eu fiz isso.
Não esperava que fosse gostar tanto. É um drama com toques de wuxia (a coreografia é do Sammo Hung!!!) mas tudo é obviamente filmado com a vibe do Kar Wai da época. As lutas se tornam não exatamente inteligíveis, os movimentos e corpos tornam-se manchas sobre o registro, sombras sobre a luz que o filme faz questão de frisar. Memória e imagem se confundem, de modos estranhos, da mesma forma como se tornam estranhos os sentimentos dos personagens que compõem essas imagens. O desencontro, o tempo, os sentimentos, as identidades, tudo se dilui e se confunde na areia do deserto onde se passa o filme - e nos grãos da imagem extremamente estilizada que a fotografia do Christopher Doyle (parceiro contumaz do Kar Wai à época) produz aqui.
A edição é um elemento importantíssimo dada a proposta, e acho que faz sentido o tempo todo que o homem levou pra editar o filme. Se passa praticamente todo ao redor de uma única estalagem no deserto e as cenas de ação são muito espaçadas e específicas, não chega a ser um wuxia épico de forma alguma. O foco são os pequenos movimentos frente à natureza e ao tempo que se impõem sobre todas aquelas pessoas. O tempo em si se cruza na edição, o momento presente é carregado de passado e o futuro de quase todos os personagens parece importar pouco pro Kar Wai. Os corpos deles carregam suas memórias como martírios, cometidos por causa dos relacionamentos entre eles todos. Os temas dos filmes dessa fase clássica do Kar Wai parecem todos amarrados entre si: mesmo um filme de época como esse parece fazer parte da mesma história que ele conta em Chungking Express ou Fallen Angels, por exemplo. E provavelmente fazem mesmo.
Tem no Mubi.