Bem legal esse vídeo do Phil Edwards falando sobre a economia em volta de D&D. Coisas como um mestre de RPG profissional, todo o rolê da Open Game License e suas mudanças, etc.
Eu venho querendo falar sobre isso faz um tempo. Não tenho outra maneira de começar a não ser dizer que eu estou totalmente Slam Dunkizado. Slam Dunk é melhor que basquete de verdade.
O primeiro capítulo do mangá já me fisgou. A primeira página já entrega parte do conflito inicial e do tom da comédia que permeia o personagem principal, Sakuragi Hanamichi. Ele é o famoso babaca carismático. Entra no time de basquete da escola só pra tentar ficar com uma menina e no fim acaba se descobrindo um potencial gênio do esporte (nas palavras dele mesmo).
Curiosamente tem muito pouco basquete no começo do mangá. Tem até algo de pancadaria estudantil no começo, como se o Takehiko Inoue (o autor) quisesse pegar os incautos leitores da Shonen Jump de surpresa. O cara tá lá lendo Dragon Ball e coisas do tipo e vê mais um mangá de delinquentes juvenis se digladiando. Até que se digladiam no basquete e não só na porrada. (A Shonen Jump é um almanaque semanal com histórias voltadas pro público jovem masculino. Dali saiu o já citado Dragon Ball, além de Cavaleiros do Zodíaco, YuYu Hakusho e várias galeras afins) Quem chega pela comédia aos poucos começa a ficar pela história. O Inoue é simplesmente mestre demais na questão do ritmo. Ele parece fazer as coisas acontecerem com uma naturalidade simples. Quando tu vê, aquele moleque novo que apareceu como coadjuvante faz parte do time. O Sakuragi aprendendo e se dando conta de que é um jogador de basquete, a vontade dele de melhorar…
Essa é uma das forças da história inclusive: como os vários dramas se conectam através do time de basquete, principalmente durante os jogos. Afinal, é um shonen de esporte. O drama se dá durante os jogos, eles são o meio e o fim. O grosso das histórias são os jogos em si e como tudo em volta influencia os resultados, pra além de apenas “vou me superar pra ser o melhor”. Ocorre, claro, aquela velha e boa distensão do tempo em nome do suspense, alguns jogos talvez pareçam demorar demais, mas a narrativa do Inoue compensa sempre. É muito impressionante ver o Inoue em ação.
Eu nunca achei que torceria mais por um bando de personagens de mangá do que por qualquer time de qualquer esporte real. Esses caras são meus amigos!!! Eu quero que eles ganhem e me emociono genuinamente no final dos jogos. Um dos poderes mágicos da narrativa seriada é bem esse, nos tornar cada vez mais próximos daqueles personagens fictícios.
Por falar em se estender demais, tem a questão do anime. Tem na Netflix, com seus 101 episódios. Saiu mais ou menos na época do mangá, na TV. Foi inevitavelmente infectado pela forma de se fazer série de anime da época, então uma série de problemas acaba ficando mais evidente. Muita coisa é alargada pra fazer caber nos 22 minutos de um episódio, certas situações acabam repetidas e mal desenvolvidas pra fazer caber no tempo e pra dar o gancho necessário pro episódio seguinte. O timing cômico do mangá acaba prejudicado muitas vezes. O jogo final do anime (que é diferente do mangá) é uma desculpa um tanto esfarrapada, ainda que vagamente coerente. Porém: quando acerta, acerta bem. O Sakuragi do anime é mais irritante que o do mangá justamente pelo exagero que o anime força em tudo, mas o carisma dele prossegue.
Às vezes me pego pensando como seria se esse anime passado no Brasil mais ou menos na época em que outros animes da Shonen Jump estavam sendo exibidos. Eu consigo muito ver ele na Manchete ali naquela segunda fase, pós-Cavaleiros do Zodíaco, alocado junto de YuYu Hakusho e Sailor Moon. Ou na Band, que passava a NBA, junto de Dragon Ball Z e El Hazard. E veja bem, ele fez muito sucesso em tudo quanto foi lugar em que passou, como Chile, México, etc. Com certeza funcionaria aqui também, ainda mais na época - seria uma opção mais “realista” em comparação às doideiras de Super Campeões. Daria muito certo. Com certeza teríamos ótimos comerciais no meio também. Foda é que teríamos que lidar com os processos de aquisição de direitos de exibição de anime da época: provavelmente receberíamos uma versão já previamente adaptada dos americanos ou algo assim (que trocaram o nome do protagonista de Super Campeões de Ozora Tsubasa pra Oliver Tsubasa, por exemplo), e teríamos um anime chamado Slam Dunk - A Super Jogada, com um protagonista chamado, sei lá, Paulo Sérgio Hanamichi.
E putz, não tem jeito: a música de abertura é banger. É brega mas é banger. (nome do meu próximo álbum)
(a segunda abertura vai pelo mesmo caminho)
Tem na Netflix mas também tem no Youtube no canal oficial da Toei, com legendas em inglês.
Tudo isso culmina em The First Slam Dunk, o filme animado que saiu em 2023. O grande esquema aqui é que, ao contrário da série dos anos 90, quem comanda é o próprio Takehiko Inoue. É quase como se fosse ele tomando a história de volta pra si, uma vez que a intro e o final são cenas em que os personagens vão aparecendo na tela a partir dos esboços. O anime ganha em realismo, o que aqui é muito uma vantagem: a decupagem consegue definir melhor o espaço da ação, e a questão da naturalidade com que o Inoue trata as coisas fica mais evidente. Os gestos dos personagens são mais sutis, mais detalhados. Ele se afasta totalmente do anime antigo, criando algo próprio, mais próximo ao mangá em vários sentidos.
Ainda tenho dúvidas se quem não leu ou viu nada ainda conseguiria entrar o suficiente na história, captar certas dinâmicas (como a do Sakuragi com o Rukawa) mas me parece que sim. Tudo que é “supérfluo” fica de fora e o roteiro consegue focar apenas no que é estritamente necessário pra criar o drama específico do filme. Até porque ele troca o protagonista: o ponto de vista aqui é do Ryota, colega de time do Sakuragi, e sua história particular. A costura dos dramas ainda é forte, com cada integrante do time (e mesmo um do time adversário) ganhando seus momentos específicos, alguns dentro de quadra e outros fora. Mas como sempre tudo se resolve no jogo. Basquete é vida e morte.
Tem na Netflix mas como eu queria ter visto no cinema.
E o McLusky que voltou depois de 20 anos sem lançar nada? Tem EP novo e álbum vindo em breve
Era uma das bandas mais interessantes do começo dos anos 2000, esse punk rock meio torto assim… várias pedradas como essa
É bom lembrar que o Andrew Falkous, o vocal/guitarra, depois do hiato do McLusky, criou o Future of the Left, bela banda também
Outra que voltou foi a Gal Costa.
Isso porque acharam uns sons dela nunca lançados, coisas que tinham ficado de fora de álbuns bem da fase clássica dela. São três músicas só mas são finas
do Kevin McShane