Como é que as pessoas conseguem trabalhar ou escrever em cafeterias e coisas assim? Tô numa praça de alimentação de shopping - o que, talvez não seja a melhor escolha - mas puta merda. E se alguém me vê escrevendo? Se alguém fica futucando por cima do meu ombro? E vê que eu tô escrevendo essa besteira aqui????
Saiu um novo do Joey Valence & Brae semana passada! Pra quem não lembra, são uns gurizões fazendo um rap oldschool bem calcado em Beastie Boys, e agora a estética é ligeiramente mais noventista/começo dos anos 2000 como dá pra ver pela capa. O álbum é um pouco pior que o anterior mas vale checar. As batidas estão um pouco mais leves e variadas, não sei se consigo ver como uma evolução do som mas vamo ver pra onde vai a brinks.
E também saiu o novo das minhas sobrinhas do Atarashii Gakko!, que junta alguns singles recentes e traz mais umas coisas extremamente pop e nem todas de qualidade tão acertada, mas vale checar de qualquer maneira
Fazia tempo que eu não parava pra ouvir um álbum novo do Eels, mas saiu um por agora e tá bem simpático, ainda que sem muita invenção. O Eels é a banda encabeçada pelo Mr. E, desde os anos 90, da época de hits alternativos como Novocaine For The Soul e Bus Stop Boxer.
Aliás, por falar nessa última, sempre lembro dessa versão ao vivo no Jools Holland onde o E tá quase sem voz e é de cortar o coração
Escrever em casa é mais seguro, mas talvez se eu tivesse um pouco mais de tempo eu tivesse me acostumado com o movimento em volta e usar isso como combustível pra escrever. Mas é toda uma outra questão. Escrever fora tem todo um lance de variar o local e tal, o que ajuda a ideias novas e estranhas surgirem, o que é sempre divertido e importante. Eu só não sei bem até que ponto.
Por falar em escrever, essa edição da newsletter da Fabiane Guimarães tá bem boa
Eu já tinha visto o anime de Ping Pong (também sagazmente conhecido como Ping Pong - The Animation) mas o mangá em si tava fazia muito tempo na minha pilha de leitura.
As experiências podem ser similares, a história é a mesma mas ver o que o Taiyo Matsumoto faz ali com o tempo no quadrinho é outro esquema. A forma como ele distorce as imagens e o tempo em si, como ele muda o traço pra deixar as coisas mais furiosas e impactantes, como ele entorta os requadros pra deixar tudo mais dinâmico. Aliás, dinamismo acho que é uma questão muito importante pra forma dele de narrar.
Os desenhos são, como de costume no trabalho dele, “feios”, ele simula frequentemente uma lente grande-angular então tudo fica distorcido, o que inclui os personagens e seus corpos, além do próprio cenário. E ele também escolhe ângulos muito diferentes, brinca muito com a perspectiva, mas aqui em especial ele também faz isso com o tempo entre os requadros. A sensação de ação e velocidade é muito forte mas ao mesmo tempo há muito espaço pra cenários vazios ou quase, mesmo que no meio de momentos importantes.
É engraçado como a história, mesmo no meio dessa quadrinização dele, é contada como que sem esforço, com uma certa naturalidade das ações, muita coisa não é exatamente explicada e há todo um mistério que ronda as decisões dos personagens todos, como se a gente não tivesse acesso a toda a psiquê deles propositalmente. Muito sagaz da parte dele. Tem todo um lance de passagem do tempo, é claro que é meio COMING OF AGE pois se trata de mesatenistas adolescentes e sua paixão pelo esporte, mas também tem os técnicos mais velhos e como eles lidam com as coisas.
E agora um exemplo de como o gigante Masaki Yuaasa traduziu isso tudo pra anime: