Chegamos na onzentésima primeira edição da newsletter e a primeira coisa que me vem à cabeça é que o Bilbo faz 111 anos de idade no começo de Senhor dos Anéis. Isso só quer dizer uma coisa: é hora de me aprofundar em todo o conhecimento de anos da minha relação com o trabalho de João Radamés Roberto Tolkien. A saber:
Vi os três filmes e gosto moderadamente.
Li o começo de As Duas Torres. Tem uma aranha.
Vi o primeiro filme da trilogia do Hobbit. Ignoro a existência dos seguintes (e em algum nível, do primeiro também)
Vi de 60 a 70% da série da Amazon.
obrigado José Rodrigo Réus Tolkien
E esse roque de jovem aqui que mistura pop, hip-hop/trap com, sei lá, nu metal anos 2000???? E funciona.
Achei bem divertido. É tipo Beyoncé misturado com Korn. As referências tão todas no lugar certo. Tem uma certa breguice inerente à coisa toda mas é legal.
continuem assim
Quem lançou álbum novo recentemente foi a María José Llergo, grande fera da cena do “flamenco-revival” ou coisa que o valha. Uns anos atrás ela nos entregou esta pérola:
E tá bem bom: as misturas com gêneros mais pop tão ali, às vezes puxando pra algo mais experimental - tem uma música que vai aparecer que o teu dispositivo tá falhando e tu vai levar um susto e olhar achando que tem algo errado mas tá tudo certo. Bom, e tem o vozeirão dela segurando tudo.
E depois de sei lá quantos anos, não é que sai uma música nova do Grandaddy? Prometendo álbum pro começo do ano que vem e tudo. Eles foram uma das grandes bandas indie dos anos 90/2000, na época em que isso significava alguma coisa. Roquinho relativamente calmo com uma intervençãozinha ou outra mais eletrônica aqui e ali. Vale ouvir o Sophtware Slump e o Sumday, que tem só 20 anos de idade a essa altura. Sendo que na verdade eu tava baixando MP3 deles no Kazaa até outro dia.
Sinceramente me falta contexto pra meter um hot take desses, mas quem é que vem aqui atrás de contexto? Se veio, peço perdão mas fica pra próxima. Vamo marcar.
O hot take em questão é: se a Itália tem o Sergio Leone, a China tem o King Hu.
Eu vi só um filme do King Hu e já estou declarando isso. Podem botar esse blurb aí quando lançarem a fita de Dragon Inn (de 1967) no Brasil, @Criterion.
A comparação com o Leone me parece inevitável porque o controle da composição e do espaço de cena dos dois são no mínimo muito parecido mas igualmente impactantes. O cinemascope herdado do western spaghetti tá ali, o clima desértico, os duelos. Só que é na China antiga e com espadinhas e flechas voando.
O que o Hu faz é meio que um proto-filme de kung-fu, porque ele não é de kung-fu, é de espadachim. E talvez seja proto porque a explosão de popularidade do filme de kung-fu propriamente parece ter vindo depois??? Ainda é um wuxia pra todos os efeitos, mas a forma de filmar e de mostrar as lutas são muito diferentes. O Hu aposta muito mais na construção do suspense e em tornar as brigas algo essencialmente cinematográfico, se aproveitando da edição e do espaço de maneiras muito sagazes. A preocupação não é mostrar como todo mundo ali é um excelente lutador/dublê, mas destacar o impacto da luta em si.
Eu não consigo deixar de pensar também que muito da estética do anime se apropriou de algumas coisas daqui. Uns closes em movimentos específicos no meio das cenas de ação, a forma de compor certas imagens, a dramaticidade. E até algo do som, como aquele instrumento que vai fazendo clic… clic… clic clic clic cliclicliclicliclicliclic como forma de criar suspense.
Filme catado provavelmente no Acervo do Drive ou algum outro lugar por fora assim.
Flowers of the Killing Moon é bom. Por algum motivo tô tendo dificuldade em CONCATENAR as ideias sobre ele porque não me suscitou tanta coisa num primeiro momento, mas é interessante ver o Scorsese fazer meio que um anti-western. Mooners of the Flowin Kills é quase que uma prequel de Lobo de Wall Street (os dois se passam no mesmo universo rs), no sentido de mostrar a história do capitalismo branco estadunidense e a forma como ela foi contada pra gente. A cena final acaba sendo sobre isso (e tem uma participação do Jack White!!!!!!). Ele é épico mas não é bem épico, em vez disso ele é muito comedido esteticamente, e o foco nos personagens que acabam simbolizando coisas maiores funciona muito. A Lily Gladstone tá VOANDO.
a voz da Nostal_Gi me incomoda mas o tema vale: aqueles álbuns de figurinhas de origem duvidosa que supostamente davam prêmios e que eram vendidos em botecos por aí
bom talvez o tema não valha tanto assim