Já falei previamente aqui do Joey Valence & Brae, dois gurizões que fazem um rap oldschool, altamente calcado em Beastie Boys, Run DMC e outros sons do gênero mais vibe anos 80 e 90. Eis que saiu o primeiro álbum inteiro deles e tá bem legal, reúne vários dos singles e mostra que dá pra ser novo e versátil e criativo mesmo tendo essas referências mais antigas. Tem até um punk rock ali no meio. Rap de festa, com letras bobas mas divertidas (“i don’t do coke, i do Pepsi”) e sempre uma pedrada pra pular e bater cabeça como gostava o RPW.
Ainda no rap oldschool, o Spotify tá dando um destaque especial pro Buhloone Mindstate, que é o terceiro álbum do De La Soul e tá fazendo 30 anos por agora. Por algum motivo eu nunca tinha ouvido e só não é o melhor álbum deles por que eles tem o 3 Feet High And Rising. Cheio de instrumentais de jazz (e com participações especiais de jazzistas) e altamente groovado, finíssimo. Uma pérola subvalorizada.
Olha como vai crescendo esse som (e a letra é foda também):
vinil lindo da semana: o novo do Wilco
Tenho jogado Vanquish (aquele de lavar roupa) porque tava numa promoção e é bem loco hein
Pra quem não sabe, é um jogo de tiro e correria da Platinum, estúdio especializado em jogos de tiro e correria, e foi encabeçado pelo Shinji Mikami, um dos criadores de Resident Evil. Eu já disse que tem muito tiro e correria? Tudo isso em terceira pessoa, o que é o único motivo pra eu me interessar por um jogo de tiro. Isso e a correria.
Uma correria literal, primeiro por que o jogo não para em nenhum momento, e segundo por que uma das mecânicas principais é um dash que faz o boneco sair escorregando pela fase enquanto desvia de tiros e ainda tem uma mecânica de câmera lenta pra momentos específicos, o que é tudo muito coerente já que o jogo meio que te faz sentir num campo de guerra, tamanha a quantidade de tiro rolando de um lado pro outro - influência de jogos de bullet hell.
Como ele é um jogo de 2010, é engraçado notar as diferenças culturais: é muito claramente um jogo feito por japoneses tentando parecer um jogo pra americano ver. O protagonista é todo cool, fuma um cigarro atrás do outro, fala palavrão, ele fica trocando frases de efeito com o amigo dele… e os vilões são “os russos”. Tudo naquela vibe de baboseira divertida, a história no fim das contas pouco importa. Mas a estética de anime tá ali indiscutivelmente - não por acaso o Mikami se baseou no clássico Casshern em vários sentidos .
Mais sobre ele assim que eu terminar? Vamos descobrir.
que mais, gente?
Rosa La Rose, do Paul Vecchiali, é quase como se fosse um espelho de Os Guarda-Chuvas do Amor, do Jacques Demy. É um filme de cores chapadas, com uma direção de arte sucinta – a Rosa do título parece sempre saltar da tela no meio do cenário quase sempre acinzentado do fundo, e também devido à beleza e à expressividade da Marianne Basler, a atriz que interpreta a moça. Lembra um musical também por que tem uma cena com música (ainda que a música seja quase mal cantada, em contraponto a musicais tradicionais) e a câmera do Vecchiali parece frequentemente dançar pelo cenário, parando pra observar os acontecimentos em planos longos e diretos. Mas se equipara ao filme do Demy no ponto onde terminam e não sei se vou falar muito mais sobre isso pois spoilers, mas essa mesma cena musical, que é uma cena onde a prostituta Rosa La Rose e seus colegas comemoram seu aniversário de 20 anos, também parece trazer uma referência à Última Ceia do Da Vinci (tu sabe qual é) ainda que pela metade.
Curioso como ele consegue ser sutil e singelo ao mesmo tempo em que é honesto na forma como trata a vida da Rosa. E esse é o tema principal, a vida, por mais amplo que possa parecer, e o Vecchiali engloba outros assuntos que estão diretamente ligados a esse rolê: liberdade, amor, trabalho e, talvez obviamente, sexo.
(o nome do vídeo diz que é o trailer mas na verdade é uma cena do filme… ainda que ela resuma uma boa parte do enredo)
Aqui no canal Vídeo Demência no Youtube tem em 720p e legenda em inglês.